A Polícia Federal (PF) realizou, na manhã desta segunda-feira (23), a segunda fase da Operação Overclean, que investiga políticos e servidores públicos envolvidos em fraudes em licitações e desvios de emendas parlamentares. A operação cumpre 10 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão preventiva e uma ordem de afastamento cautelar contra um servidor público.
R$ 4,7 milhões em bens foram sequestrados, além de veículos de luxo, que, segundo a PF, foram adquiridos com valores desviados pela organização criminosa. Entre os detidos está um agente da própria Polícia Federal. As ações ocorrem em Brasília e nas cidades baianas de Salvador, Lauro de Freitas e Vitória da Conquista.
Primeira fase: R$ 1,4 bilhão movimentados pelo esquema
Na primeira fase da operação, deflagrada no início de dezembro, 15 pessoas foram presas e oito servidores públicos afastados. De acordo com a PF, a organização criminosa movimentou aproximadamente R$ 1,4 bilhão, dos quais R$ 825 milhões foram obtidos em contratos com órgãos públicos somente em 2024.
Foram cumpridos 17 mandados de prisão preventiva e 43 de busca e apreensão nos estados da Bahia, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Os crimes investigados incluem corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e contratos, além de lavagem de dinheiro.
Propina transportada em jatinho de Salvador a Brasília
A investigação revelou uma tentativa de pagamento de propina no valor de R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo, transportado em um jatinho que partiu de Salvador com destino à capital federal. O empresário Alex Rezende Parente e o ex-coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) na Bahia, Lucas Maciel Lobão Vieira, foram monitorados pela PF durante toda a operação.
O empresário José Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, foi preso por organizar o voo. Moura é conhecido por vencer contratos de limpeza urbana na Bahia e é apontado como um dos articuladores do esquema.
Como operava o grupo criminoso
Alex Rezende Parente era responsável por coordenar fraudes em licitações e negociar propinas com servidores públicos. Seu irmão, Fábio Rezende Parente, cuidava da transferência dos recursos desviados. Lucas Lobão, por sua vez, atuava no DNOCS para favorecer a contratação da empresa Allpha Pavimentações, de propriedade de Alex e Fábio.
A Operação Overclean continua em andamento, com a PF, o Ministério Público Federal (MPF), a Receita Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) trabalhando em conjunto para desmantelar o esquema e recuperar os recursos desviados.