O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu nesta sexta-feira (27) o candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para uma reunião na Granja do Torto, em Brasília. O encontro ocorre em meio ao embate envolvendo as emendas parlamentares, que foram alvo de nova decisão e bloqueio do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino.
A conversa, que durou cerca de uma hora, contou com a presença do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Motta é o nome apoiado pelo atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um desafeto político de Padilha, para a sucessão na presidência da Casa.
Na quinta-feira (26), Lula já havia se reunido com Lira para tratar da crise instaurada após a decisão de Dino, que exige maior transparência na liberação de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão. O prazo para execução dos recursos termina na próxima terça-feira (31), e, caso não sejam utilizados, o montante será transformado em superávit, encerrando essa modalidade de emendas.
Tensões entre os Poderes
No encontro, Lula reafirmou a disposição do governo de manter uma boa relação com a Câmara dos Deputados na próxima legislatura e se comprometeu a ajudar no impasse sobre as emendas. Contudo, nos bastidores, cresce a especulação de que o Legislativo poderá retaliar o Judiciário a partir de fevereiro, quando as atividades parlamentares serão retomadas oficialmente.
Propostas que podem desagradar outros poderes já começam a ser ventiladas, sinalizando um possível acirramento na relação entre Executivo, Legislativo e Judiciário. A crise das emendas evidencia um cenário de disputa por poder e controle sobre recursos públicos, com impactos diretos no ambiente político para o próximo ano.
Lula busca, com os recentes encontros, evitar que as tensões afetem a governabilidade, enquanto o Congresso Nacional debate o futuro das emendas parlamentares e o papel do Judiciário no processo de fiscalização.