Gastos com materiais escolares no Brasil crescem 43,7% em quatro anos e chegam a R$ 49,3 bilhões em 2024

Entre os entrevistados, 38% relataram um forte impacto no orçamento doméstico, e 47% disseram que as compras geram algum impacto. Apenas 15% afirmaram não sentir o peso financeiro.

Redação

As famílias brasileiras desembolsaram R$ 49,3 bilhões com materiais escolares em 2024, um aumento de 43,7% em comparação com 2021. O levantamento, realizado pelo Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro, revela que essas despesas impactam o orçamento de 85% das famílias com filhos em idade escolar. Para 2025, 35% dos consumidores pretendem parcelar as compras.

Demanda por materiais e impacto financeiro

A pesquisa entrevistou 1.461 homens e mulheres maiores de 18 anos entre os dias 2 e 4 de dezembro de 2024. Cerca de 90% dos responsáveis por estudantes de escolas públicas e 96% daqueles com filhos em escolas privadas afirmaram que comprarão materiais escolares para o ano letivo de 2025.

As compras incluem materiais solicitados pelas escolas (87%), uniformes (72%) e livros didáticos (71%). Segundo o diretor de pesquisa do Instituto Locomotiva, João Paulo Cunha, o impacto financeiro atinge famílias de escolas públicas e privadas. “Mesmo nas escolas públicas, onde há fornecimento de alguns itens, muitas famílias precisam complementar uniformes e materiais, o que pesa no orçamento.”

Distribuição dos gastos

A classe B lidera os gastos, com R$ 20,3 bilhões, seguida pela classe C, com R$ 17,3 bilhões. Juntas, essas classes respondem por 76% das despesas nacionais. A Região Sudeste concentra 46% do total, enquanto o Nordeste soma 28%. O menor percentual está na Região Norte, com 5%.

Entre os entrevistados, 38% relataram um forte impacto no orçamento doméstico, e 47% disseram que as compras geram algum impacto. Apenas 15% afirmaram não sentir o peso financeiro.

Ajustando o orçamento familiar

Para lidar com os custos, 35% das famílias planejam parcelar as compras, com destaque para a classe C (39%). Já as classes A e B preferem pagar à vista, com 71% dos entrevistados optando por essa modalidade.

Cunha enfatiza que as famílias recorrem a diferentes estratégias para cobrir esses custos, seja utilizando crédito ou economias guardadas. “O peso desse gasto acaba refletindo em cortes em outras áreas do orçamento familiar”, explica.

Fatores que impulsionam os preços

De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), os preços são impactados por fatores como inflação, custos de produção, alta do dólar e fretes marítimos elevados. Para 2025, a ABFIAE prevê aumentos entre 5% e 9%.

O presidente executivo da entidade, Sidnei Bergamaschi, ressalta que muitos itens escolares, como mochilas e estojos, são importados e sujeitos às oscilações cambiais. “Com a alta do dólar e o aumento dos custos logísticos no pós-pandemia, o impacto é inevitável e repassado ao consumidor final”, afirma.

Propostas para aliviar os custos

A ABFIAE defende iniciativas como a ampliação do Programa Material Escolar, já implementado no Distrito Federal e em municípios como São Paulo e Foz do Iguaçu. O programa oferece crédito a estudantes da rede pública para aquisição de materiais escolares.

Outra medida sugerida é a redução de impostos sobre itens escolares, que atualmente podem representar até 50% do valor final. “Pedimos que os materiais escolares fossem incluídos na reforma tributária para reduzir a carga tributária que pesa sobre esses produtos”, destaca Bergamaschi.

Com a previsão de novos aumentos para 2025, as famílias brasileiras continuam buscando alternativas para equilibrar o orçamento e garantir a educação de seus filhos.

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