Sites de apostas esportivas dominam patrocínios no futebol brasileiro e geram dependência financeira nos clubes

Em outros casos, o impacto dos novos contratos foi ainda mais significativo. O Santos, por exemplo, passou a receber R$ 55 milhões anuais com a Blaze, um aumento de 358,33% em relação ao contrato anterior.

Redação

Nos últimos anos, os sites de apostas esportivas passaram a dominar o mercado de patrocínios no futebol brasileiro, ocupando os espaços mais nobres das camisas e inflacionando contratos. Em 2025, 16 dos 20 clubes da Série A têm uma casa de apostas como principal patrocinadora, e esse número deve aumentar com as negociações em andamento de Grêmio e Internacional, que antes tinham o Banrisul como parceiro. Apenas Bragantino (Red Bull) e Mirassol (Guaraná Poty) mantêm contratos fora desse segmento.

O domínio das “bets” no futebol brasileiro saltou nos últimos anos. Em 2023, eram 11 clubes com casas de apostas como patrocinadores máster; em 2024, esse número subiu para 14. Um exemplo marcante foi o Palmeiras, que trocou uma parceria de dez anos com a Crefisa por um contrato de R$ 100 milhões anuais com a Sportingbet, um aumento de 23% em relação ao acordo anterior.

Patrocínios milionários e crescimento exponencial
Os maiores contratos de patrocínio no futebol brasileiro atualmente são liderados por clubes patrocinados por casas de apostas:

  • Flamengo: R$ 105 milhões (Pixbet)
  • Corinthians: R$ 103 milhões (Esportes da Sorte)
  • Palmeiras: R$ 100 milhões (Sportingbet)

Em outros casos, o impacto dos novos contratos foi ainda mais significativo. O Santos, por exemplo, passou a receber R$ 55 milhões anuais com a Blaze, um aumento de 358,33% em relação ao contrato anterior.

Desafios e polêmicas nos patrocínios
Embora os patrocínios tragam receitas significativas, algumas parcerias foram marcadas por polêmicas. O Corinthians rompeu um contrato de R$ 120 milhões com a VaideBet após suspeitas de irregularidades, como o pagamento de R$ 25 milhões a uma empresa intermediária sob investigação. Apesar disso, o valor atual de R$ 103 milhões com a Esportes da Sorte ainda representa um aumento expressivo em relação ao patrocínio anterior com a Hypera Pharma, que era de apenas R$ 22 milhões anuais.

Impacto da regulamentação e perspectivas futuras
Desde que o setor foi regulamentado no Brasil em 2024, empresas de apostas esportivas precisam pagar R$ 30 milhões por licença para operar legalmente no país. A regulamentação estabelece normas detalhadas para o funcionamento dessas empresas, o que gerou uma corrida para obtenção de licenças.

Para especialistas, como Ivan Martinho, professor de marketing esportivo, a disputa entre casas de apostas aumenta os valores dos contratos e beneficia os clubes. Contudo, ele alerta para o risco de dependência desse segmento. Já José Francisco Manssur, assessor especial do Ministério da Fazenda, vê aspectos positivos: “O investimento das bets demonstra como o esporte pode ser uma ferramenta poderosa para alcançar o público e gerar receita privada.”

Embora o atual cenário reflita a hegemonia das casas de apostas, o futuro pode trazer mudanças, como já ocorreu em outras eras do patrocínio esportivo. No entanto, por enquanto, as “bets” dominam com folga, representando uma nova era para o futebol brasileiro.

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