Dólar fecha abaixo de R$ 6 e gera expectativas; especialistas avaliam cenário econômico

Enquanto isso, analistas recomendam que interessados em comprar dólares aproveitem o momento, mas mantenham atenção às decisões econômicas globais e domésticas que podem influenciar o câmbio.

Redação

Na última quarta-feira (22), o dólar encerrou o dia em queda de 1,41%, cotado a R$ 5,9463, seu menor valor desde novembro de 2024. Foi a primeira vez, desde 11 de dezembro, que a moeda americana fechou abaixo dos R$ 6.

Apesar da queda, especialistas alertam que a sustentação da cotação dependerá de fatores como o fortalecimento do arcabouço fiscal no Brasil, a política monetária americana e a moderação nas medidas comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A abordagem mais cautelosa de Trump em relação a tarifas, que chegou a reduzir de 60% para 10% as taxas sobre produtos chineses, foi apontada como um fator que aliviou a pressão sobre o real.

Contexto interno e externo favorecem real

Segundo Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, a queda do dólar foi impulsionada por uma combinação de fatores externos, como a redução das tensões comerciais globais, e internos, incluindo o fluxo de capital estrangeiro no início do ano. Ele também destaca a valorização de outras moedas emergentes, como o peso mexicano e o peso colombiano, no mesmo período.

Internamente, o mercado reagiu positivamente às sinalizações do governo brasileiro sobre medidas econômicas prioritárias, como a responsabilidade fiscal e a reforma tributária. “Um cenário fiscal sólido aumenta o interesse de investidores estrangeiros em ativos brasileiros, promovendo a entrada de dólares e reduzindo a cotação da moeda americana”, explicou Gusmão.

Políticas comerciais de Trump influenciam o mercado

As ações comerciais do presidente Donald Trump, como as tarifas universais sobre importações, continuam sendo um ponto de atenção. Segundo Marcos Piellusch, professor da Fia Business School, essas medidas buscam fortalecer a indústria americana, mas podem aumentar a incerteza global, levando à valorização do dólar como ativo de proteção. “Uma moeda americana mais forte encarece produtos exportados pelos EUA, reduzindo sua competitividade internacional e gerando retaliações comerciais de países como Brasil, México e China”, observou o professor.

A moderação recente de Trump, no entanto, com o adiamento de políticas agressivas, foi vista como um movimento para evitar volatilidade prolongada nos mercados financeiros.

O que esperar do dólar?

De acordo com José Faria Júnior, CEO da Wagner Investimentos, a tendência de queda do dólar pode se manter nas próximas semanas, mas atingir patamares abaixo de R$ 5,80 no curto prazo ainda é improvável. O mercado aguarda eventos importantes, como as reuniões do Federal Reserve (Fed) e do Copom, além de dados de emprego e inflação dos EUA, previstos para fevereiro.

Já para Alison Correia, sócio-fundador da Dom Investimentos, o comportamento do dólar também dependerá do cenário doméstico, com o Congresso sinalizando avanços na agenda de contenção de gastos públicos. A retomada dos trabalhos legislativos, no próximo dia 1º de fevereiro, será acompanhada de perto, especialmente com as eleições para a presidência da Câmara e do Senado.

Enquanto isso, analistas recomendam que interessados em comprar dólares aproveitem o momento, mas mantenham atenção às decisões econômicas globais e domésticas que podem influenciar o câmbio.

Compartilhe: