A formação de um palanque para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Paraíba tem sido um dos principais temas da cena política estadual nas últimas semanas. O deputado Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, vem se colocando como alternativa e chegou a afirmar que aceitaria se filiar ao PT caso Lula pedisse, para viabilizar sua candidatura ao governo como representante direto do presidente.
A estratégia de Galdino se baseia na avaliação de que, no Progressistas, o vice-governador Lucas Ribeiro e o deputado federal Aguinaldo Ribeiro não teriam condições de apoiar Lula, já que a nova federação União Progressista tenderia a barrar esse movimento. O próprio Lucas, no entanto, já declarou voto em Lula, e sua mãe, a senadora Daniella Ribeiro, acredita que haverá liberação para alianças locais.
Enquanto Aguinaldo mantém silêncio, a movimentação é acompanhada pelo governador João Azevêdo (PSB), aliado histórico do petista, e pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que tenta atrair o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (MDB), para ampliar as chances de um palanque em torno de Lula.
Nos bastidores, petistas admitem que as opções dividem o partido. Um setor defende Galdino, outro prefere manter vínculos com os Ribeiro e há ainda quem veja em Veneziano uma alternativa mais viável. O temor, porém, é de que a fragmentação entre grupos adversários locais acabe prejudicando a imagem da campanha presidencial no estado.
A lembrança de 2022 pesa na discussão: Lula apoiou Veneziano, então candidato ao governo, contra João Azevêdo, que era aliado fiel, e o resultado foi negativo. Agora, dirigentes petistas experientes avaliam que a melhor saída pode ser evitar compromissos formais e apostar apenas no apoio eleitoral já consolidado.
Os números explicam essa posição: em 2022, Lula obteve 48,43% dos votos dos paraibanos no primeiro turno, contra 39,65% de João Azevêdo, e chegou a 64,61% no segundo turno. Já Veneziano, mesmo aliado diretamente ao PT, teve apenas 17,16%. Historicamente, Lula tem mais votos na Paraíba do que os candidatos locais apoiados por ele.
Assim, a avaliação é que, em 2026, os candidatos estaduais podem precisar mais da força eleitoral de Lula do que o contrário. Nesse cenário, a possibilidade de o presidente não ter um palanque único no estado — ou mesmo não contar com nenhum palanque formal — é cada vez mais considerada nos bastidores.