Da obesidade à saúde: como a bariátrica redefine a vida de milhares de brasileiros

Redação
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Da obesidade à saúde: como a bariátrica redefine a vida de milhares de brasileiros

Reportagem: Marcelo Lima
Fotojornalismo: Carlos Rodrigo

O Brasil passa por uma epidemia de obesidade: de acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2025, que 68% dos brasileiros estão acima do peso, sendo 31% com obesidade e 37% com sobrepeso. No entanto, menos de 1% dos pacientes elegíveis têm acesso à cirurgia bariátrica no país.

A jornalista Mikaely de Sousa Batista, 32 anos, fazia parte dessa estatística: Em novembro de 2023, ela enfim tomou uma decisão que não era sobre vaidade, mas sobre sobrevivência. Após anos de tentativas frustradas de emagrecimento, a cirurgia bariátrica na técnica Bypass se apresentou não como atalho, mas como ferramenta de recomeço.

“Bendita a ventania que me fez revirar e sair da minha zona de conforto. Hoje colho os frutos da disciplina, da motivação e da dedicação”, resume Mikaely, que transformou o próprio corpo e a própria vida ao longo de quase dois anos.

A mudança foi radical. Ela eliminou 38 quilos, mas, mais do que isso, eliminou a apatia. Hoje vive sem açúcar, não consome álcool, treina musculação diariamente, faz Muay Thai, corre e encontra na atividade física a chama para viver intensamente. “Eu não sou apenas alguém que emagreceu, sou alguém que descobriu o prazer de viver no movimento e que vê alegria nas coisas simples da vida. Sou alguém que parou de existir e começou a viver”, afirma.

A cirurgia como ponto de partida

O procedimento foi conduzido pelo Dr. Leandro Nóbrega, cirurgião do aparelho digestivo e bariátrico, pioneiro na primeira cirurgia bariátrica robótica realizada na Paraíba e referência em acompanhamento humanizado. Para ele, cada caso é mais do que uma operação.

“Devolver a Mikaely a alegria e a vontade de viver mostra como a cirurgia bariátrica pode ser uma aliada em uma nova fase da vida. Participar da transformação dos pacientes é realização profissional e pessoal. Ser reconhecido por um trabalho que devolve saúde e qualidade de vida é o que me move em busca constante de atualização”, afirma.

Dr. Leandro acompanha os pacientes no pré, durante e pós-operatório. Também é idealizador do Bari em Foco, projeto que promove corridas e caminhadas para incentivar bariátricos a adotarem uma vida ativa. “A cirurgia é só o começo. O que sustenta os resultados são as mudanças de hábito, o apoio contínuo e a comunidade que se forma entre os pacientes.”

(Foto: Carlos Rodrigo)

Um Brasil que precisa mudar

Em resposta ao crescimento vertiginoso no número de pessoas com obesidade no Brasil , o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou, em maio de 2025, a Resolução nº 2.429/25. A nova norma ampliou os critérios para o procedimento, permitindo que pacientes com IMC entre 30 e 35 possam ser operados, desde que apresentem condições como diabetes tipo 2, doença cardiovascular grave, apneia obstrutiva do sono ou doença hepática gordurosa com fibrose. Também caiu a exigência de idade mínima rígida e de tempo de convivência com a doença, reforçando a avaliação individualizada e multidisciplinar.

“O CFM deu um passo histórico. Quanto antes conseguimos intervir em pacientes com comorbidades graves, maiores as chances de reverter danos e salvar vidas”, reforça Dr. Leandro.

Da inspiração individual ao impacto coletivo

A transformação de Mikaely não parou nela mesma. Ao compartilhar sua história publicamente, como jornalista e como paciente, ela ajudou a quebrar preconceitos e encorajou outras pessoas a buscarem tratamento. Duas delas, as amigas Bianca Dantas e Natália Rezende, confiaram em sua indicação e se submeteram ao mesmo procedimento, sob os cuidados de Dr. Leandro Nóbrega.

Natália lembra que não via a bariátrica como opção. “Eu achava algo muito drástico, um caminho mais fácil. Mas ver Mika tão bem, tão brilhante, quebrou esses preconceitos. Ela sempre foi direta, atenciosa, verdadeira, e isso foi crucial para eu dar o passo.” Hoje, três meses após a cirurgia, ela já eliminou 21 quilos e, mais importante, se libertou do peso psicológico. “Antes, eu acordava pensando que precisava emagrecer. Agora acordo pensando em viver, cuidar do meu filho e conquistar as minhas coisas.”

Natália afirma que o apoio de Mikaely foi determinante. “É como ter um telefone de emergência. Sempre que preciso, falo com ela, que já passou por tudo isso. Saber que posso contar com Mika me dá confiança para seguir.”

(Foto: Carlos Rodrigo)

Voz que se multiplica

Mais do que paciente, Mikaely se tornou porta-voz de uma causa. “Quero usar minha voz como jornalista para disseminar informações verdadeiras sobre a cirurgia. Ainda existe preconceito, mas a bariátrica não é atalho: é uma ferramenta que, junto com disciplina e acompanhamento, transforma vidas.”

Determinada a combater o preconceito e a desinformação que ainda cercam a cirurgia bariátrica, Mikaely passou a usar sua voz como jornalista para disseminar informações reais e responsáveis sobre o procedimento. A forma como transformou a própria vida a tornou presença constante em programas de televisão, entrevistas em rádios e reportagens em veículos impressos de sua cidade. Nas redes sociais, ela compartilha vídeos e mensagens motivacionais que incentivam outras pessoas a mudarem seus hábitos. O resultado é uma enxurrada de mensagens de apoio e reconhecimento, vindas de pessoas que se sentem inspiradas por sua autenticidade e disciplina.

A história dela mostra que a cirurgia bariátrica é um divisor de águas. Não um fim em si, mas um começo. Uma oportunidade de reescrever narrativas pessoais e sociais, em um país onde a obesidade avança como pandemia silenciosa.

E, no caso de Mikaely, é também a prova de que quando a coragem encontra a disciplina, a vida volta a pulsar com força.

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