Análise: Quem pode falar de traição na política paraibana?

Redação
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Análise: Quem pode falar de traição na política paraibana?

“Que moral tem Veneziano para falar em traição?” A pergunta ecoa com força quando revisitamos os capítulos recentes da política paraibana. Afinal, num cenário onde alianças se desfazem com a mesma rapidez com que são firmadas, poucos podem realmente reivindicar a condição de vítimas – ou de exemplos – de lealdade inabalável.

Tomemos o próprio Veneziano Vital do Rêgo como referência. Em 2018, sua eleição ao Senado teve a marca decisiva de Ricardo Coutinho. Foi o apoio do então governador paraibano que pavimentou sua vitória. Mas bastou surgir a primeira ruptura entre Ricardo e João Azevêdo para que Veneziano escolhesse de que lado ficar: não ao lado do padrinho político, mas do Governo – e, sobretudo, dos cargos que possuía na gestão estadual. Ricardo foi deixado para trás sem cerimônia.

Avancemos no tempo. Quatro anos depois, no último dia do prazo para desincompatibilização, a cena se repete com outros protagonistas, mas o mesmo roteiro. A esposa de Veneziano, Ana Cláudia, entrega o cargo de secretária, junto com todo o conjunto de posições ocupadas pelo grupo no Governo João. O motivo? O próprio Veneziano decidiria se lançar candidato contra o governador que o havia sustentado politicamente por mais de três anos. Uma guinada calculada, porém difícil de defender sob o discurso da fidelidade.

Diante disso, reclamar de traição em alto e bom som não deixa de soar irônico. A política paraibana – como a brasileira em geral – é um terreno onde alianças se movem como placas tectônicas: silenciosamente às vezes, abruptamente em outras, mas sempre em constante rearranjo. Não há santos nesse jogo, tampouco mártires. Se Veneziano aponta para Zé Aldemir hoje, a pergunta inevitável retorna: ele, afinal, tem autoridade moral – na política – para atirar a primeira pedra?

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