O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega à metade de seu terceiro mandato sem uma iniciativa emblemática que defina sua gestão, algo que foi marcante em seus governos anteriores, com programas como o Bolsa Família e o PAC. Essa ausência é reconhecida tanto por críticos quanto por aliados, e traz à tona um debate sobre a eficácia e o foco do governo atual.
Minha opinião? Lula parece estar tentando abraçar tudo ao mesmo tempo, mas sem apertar nada com força suficiente para causar impacto. Há um excesso de propostas e programas, muitos deles com potencial, mas que acabam diluídos pela falta de coordenação e comunicação eficaz.
Uma gestão de relançamentos e promessas adiadas
Relançar programas como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida foi uma escolha acertada, principalmente pela necessidade de reconstruir políticas descontinuadas nos governos anteriores. No entanto, é difícil ignorar que esses relançamentos não carregam mais o frescor de uma novidade. Se antes o governo Lula era reconhecido pela criação de políticas transformadoras, agora parece andar em círculos em torno do que já foi feito.
O Novo PAC, por exemplo, lançado com grande pompa, sofre críticas por sua amplitude excessiva e pela dificuldade de a população identificar como ele se traduz em benefícios diretos. Enquanto isso, iniciativas promissoras, como o Pé-de-Meia, têm potencial, mas ainda não ganharam o destaque necessário.
Comunicação como ponto fraco
Outro ponto evidente é a falha na comunicação. Não adianta criar bons programas se eles não são divulgados de maneira eficiente. O Novo PAC, um dos carros-chefes da gestão, é desconhecido por 48% da população, segundo pesquisas. Isso é preocupante e reflete um problema grave de conexão entre governo e sociedade.
A comunicação não é apenas um acessório em um governo; é a ponte entre o que se faz e o que se percebe. Nesse quesito, o governo Lula está devendo. A possível troca do ministro da Secom, Paulo Pimenta, pode ser um passo necessário para reverter essa situação.
Promessas que não saíram do papel
A demora para implementar promessas importantes, como a isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5.000, só alimenta a sensação de que o governo patina. Medidas como o Voa Brasil e o leilão de arroz fracassaram ou enfrentaram dificuldades logo de início, evidenciando problemas de planejamento e execução.
Além disso, o governo precisa entender que, em uma sociedade ansiosa por resultados rápidos, a percepção pública não perdoa a demora ou os fracassos iniciais.
Uma oportunidade ainda em aberto
Lula tem os próximos dois anos para dar um rumo mais definido à sua gestão. A retomada de programas sociais é um bom ponto de partida, mas o governo precisa de uma iniciativa inédita que capte a imaginação do país e mostre que ainda há espaço para inovação no repertório do presidente.
Como ele mesmo disse, “2025 será o ano da colheita”. Mas para colher, é preciso plantar melhor. Espero ver um governo que não só prometa, mas entregue ações que impactem a vida das pessoas de forma clara e transformadora. Lula tem experiência e história; agora precisa reconquistar o entusiasmo que marcou seus primeiros anos no poder.