Na noite do dia 16 de dezembro, estava marcada a posse da chapa eleita para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), além da apreciação da prestação de contas das duas chapas que concorreram ao pleito: a Chapa I, “INTEGRA DCE”, vencedora da eleição, e a Chapa II, “Vozes que Transformam a UFPB”.
Até aquele momento, no sistema da UFPB constava apenas a prestação de contas da Chapa I. De acordo com o edital do processo eleitoral, a chapa que não envia a prestação de contas torna-se inelegível pelo período de um ano. O que se seguiu, segundo relatos de estudantes presentes no auditório cedido pela Prefeitura Universitária, no campus da UFPB em João Pessoa, foram cenas de baderna, intimidação e violência.
“Foi uma cena assustadora, difícil até de relatar sem reviver momentos de medo, angústia e pavor por estar em um ambiente totalmente vulnerável, com pessoas que perderam o senso de democracia, respeito e legalidade”, afirma Lian Cavalcante, estudante de Agronomia do CCA (Campus II) e coordenador-geral estadual do DCE. Segundo ele, a Chapa II, inconformada com a derrota legitimada pelo voto, não aceitou o resultado e, supostamente, já vinha articulando atos antidemocráticos.
A Chapa II alegou descumprimento do estatuto e impugnação de urnas. No entanto, segundo Érika Rodrigues do Nascimento, estudante de Secretariado Executivo Bilíngue (CCAE) e membro do Conselho Superior da UFPB (Consuni), essas alegações não procedem. “De acordo com o estatuto, as urnas só podem ser impugnadas antes da apuração dos votos. Isso não ocorreu. Fica muito claro que a motivação de toda essa disputa é uma questão partidária externa”, destacou.
Vídeos registrados durante o episódio mostram tentativas de intimidação por parte de integrantes da Chapa II. “Houve o desligamento da energia do auditório, seguido de investidas contra a mesa que presidia a reunião e contra apoiadores nossos, com atitudes agressivas, gritos e acusações infundadas. Esse cenário de terror durou cerca de duas horas. Nunca havia presenciado algo semelhante”, reforça Lian Cavalcante.
Em uma das cenas, a suplente de vereadora de João Pessoa, Gabi Benvenutti, apoiadora da Chapa II, juntamente com outros militantes da chapa derrotada, incluindo Hiago Soares das Neves, que já respondeu acusações de estupro e violência doméstica, aparece intimidando Fernando Christian, presidente da Comissão Eleitoral. Érika relata que tentou proteger o presidente da comissão. “Fui gritada, xingada, intimidada e agredida verbalmente. Sou uma pessoa com deficiência e fiquei extremamente desregulada emocionalmente. Tive uma reação exacerbada, um choro, um descontrole diante das circunstâncias do ambiente”, lamentou.
Ainda conforme os relatos, a tentativa de impedir a posse da chapa eleita partiu da alegação de que as eleições não teriam ocorrido em todos os campi e da solicitação de uma eleição suplementar. Lian explica que houve uma urna impugnada no CCHLA II e duas urnas anuladas durante a apuração no CCAE (Campus IV). No entanto, segundo ele, o processo eleitoral ocorreu regularmente em todos os campi: no Campus IV há registros em vídeo das urnas, abertas inclusive por fiscais da Chapa II; nos campi II e III a votação ocorreu de forma on-line, pelo sistema SIGEleições; e no Campus I não houve intercorrências.
Gabi Benvenutti obteve 3.462 votos nas eleições de 2024, ficando na terceira suplência pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Há relatos de que ela está em processo de filiação ao MDB, partido do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, e que toda essa movimentação seria uma das estratégias para sua projeção política.
De acordo com o Estatuto do DCE/UFPB (2009), a eleição suplementar só é cabível quando o número de votos da urna impugnada pode influenciar o resultado final. A urna do CCHLA II, única impugnada dentro das regras, continha 265 votos — número insuficiente para alterar o resultado, já que a diferença entre as chapas ultrapassou 500 votos. As urnas do Campus IV não foram impugnadas antes da apuração, conforme determina o estatuto, sendo apenas anuladas. “Além disso, a Chapa II sequer enviou sua prestação de contas, o que é bastante preocupante do ponto de vista da transparência e do direito dos estudantes ao acesso a essas informações”, concluiu Lian.
Apesar dos episódios de violência e intimidação, a posse da Chapa I foi garantida. A Ouvidoria da UFPB já recebeu denúncia formal sobre os fatos, e um Boletim de Ocorrência foi registrado. Na manhã desta sexta-feira (19), está prevista uma reunião com a reitora Terezinha Domiciano para deliberar sobre os acontecimentos.
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