Análise: as Havaianas e a necessidade de boicotar o extremismo no Brasil

Redação
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Análise: as Havaianas e a necessidade de boicotar o extremismo no Brasil
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Em clima de radicalização política cada vez mais intensa, um comercial de fim de ano da Havaianas acabou se transformando em mais um episódio da guerra cultural que divide o Brasil. Estrelado pela atriz Fernanda Torres, a peça publicitária pede que o público não deva começar o ano “com o pé direito, mas com os dois pés” – uma mensagem lúdica, típica da linguagem criativa do marketing contemporâneo.

No entanto, nas últimas horas, esse simples trocadilho virou motivo de convocação ao boicote por políticos bolsonaristas, como o ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que atacaram a frase e incentivaram seus seguidores a “não usar mais Havaianas”.

A reação é emblemática de uma direita que não tolera mais nada que fuja à sua narrativa rígida. Ao invés de entender a propaganda como um exercício criativo e inócuo, setores extremistas reagiram como se cada peça de comunicação fosse um manifesto ideológico. Isso não é apenas um exagero: é uma tentativa de transformar consumidores e cidadãos em massa de manobra, ditando o que se pode ou não consumir com base em supostas filiações políticas.

É preciso fazer uma distinção clara: boicotar empresas por postura ética real – como desrespeito a direitos humanos ou violação de leis ambientais – é legítimo e faz parte do exercício de cidadania. Mas boicotar por causa de uma frase publicitária ambígua é simplesmente irracional e perigoso.

Importante destacar que a Havaianas é, há décadas, um símbolo cultural e um dos produtos brasileiros mais conhecidos no mundo. A marca faz parte da Alpargatas, um conglomerado que gera milhares de empregos diretos e indiretos no Brasil – inclusive na Paraíba -, desde fábricas até pontos de venda e distribuição.

Uma campanha de boicote fomentada por políticos extremistas, ainda que nas redes sociais, pode impactar vendas, afetar receitas e pôr em risco empregos de milhares trabalhadores que nada têm a ver com qualquer disputa ideológica.

Não se trata apenas de sandálias: trata-se de meios de sustento de famílias inteiras. Num país com desafios econômicos significativos, a tentativa de mobilizar setores da sociedade para “cancelar” uma marca com base em leituras enviesadas é irresponsável.

O povo brasileiro precisa resistir a esse tipo de manipulação. Boicotar o boicote é, hoje, um ato de coragem cívica. Significa defender que a sociedade não pode ser comandada por narrativas autoritárias que buscam polarizar tudo – inclusive sandálias – para ganhar pontos políticos. Significa reconhecer que empresas são formadas por trabalhadores e trabalhadoras que não devem pagar o preço por interpretações distorcidas de políticos radicais.

Fernanda Torres, atriz premiada e reconhecida no cenário artístico nacional e internacional, foi escolhida para esta campanha por sua presença cultural, não para fazer propaganda de qualquer ideologia. Transformar isso em motivo de boicote é uma forma de reduzir o debate público ao vazio e ao ressentimento, algo que não faz bem ao Brasil.

O verdadeiro boicote que devemos fazer é ao extremismo e à cultura da animosidade, que procuram cada vez mais transformar brasileiros em inimigos uns dos outros. Devemos boicotar a polarização tóxica – não as Havaianas, nem qualquer outra marca que apenas tenta promover sua mensagem de virada de ano.

*Esse foi o tema da análise feita nesta segunda-feira (26) pelo autor do blog, no Programa Meio-Dia Paraíba, que é transmitido de segunda a sexta-feira por uma cadeia de rádios capitaneada pela Pop FM de João Pessoa e Pop Cariri de Campina Grande, e para outras regiões da Paraíba em diversas emissoras conectadas na Rede Pop.

  • Rádio Pop – 89,3 FM (João Pessoa)
  • Rádio Por Cariri – 101,1 FM (Campina Grande)
  • Rádio Caruá – 90,1 FM (Soledade)
  • Rádio São Vicente – 104,9 FM 9São Vicente do Seridó)
  • Rádio São José – 87,9 FM (São José da Lagoa Tapada)
  • Rádio Vieirópolis FM – 87,9 FM (Vieirópolis)
  • TV O Norte Lucena (Canal 10) – Operadora UP Telecom
  • TV O Norte Sousa (Canal 10) – Operadora WR Link
  • TV O Norte Cajazeiras (Canal 44) – Operadora Net
  • TV O Norte Guarabira (Canal 10) – Operadora L&M Telecom
  • TV O Norte Itabaiana (Canal 10) – Operadora Unidas Net
  • TV O Norte Catolé do Rocha (Canal 10) – Operadora Alsol
  • TV O Norte São Bento – Operadores Alsol e Telecab

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