Dólar sobe e bolsa cai em dia de preocupações externas e fiscais no Brasil

Com a China sendo a maior consumidora de commodities do mundo, o minério de ferro registrou queda de 2,18% em Dalian, pressionando ações da Vale na B3, que recuaram 2,50%.

Redação

O dólar reverteu as perdas iniciais e passou a subir nesta sexta-feira (3), refletindo as preocupações dos investidores com o cenário externo e com as contas públicas brasileiras. Às 14h46, a moeda norte-americana registrava alta de 0,29%, cotada a R$ 6,180, enquanto a Bolsa apresentava queda de 1,05%, aos 118.855 pontos, pressionada pela desvalorização das ações da Vale (-2,30%) e da Petrobras (mais de -1%).

Cenário externo: China e Estados Unidos no radar

A economia chinesa voltou a gerar insegurança entre os agentes financeiros, com dificuldades relacionadas a crises imobiliárias, alta dívida do governo e consumo interno enfraquecido. Além disso, as exportações, tradicional ponto forte da China, podem ser impactadas por uma possível guerra comercial com os EUA, já que o governo de Donald Trump, que toma posse em 20 de janeiro, prometeu aumentar tarifas em 20% sobre produtos chineses.

Para estimular sua economia, a China anunciou um aumento no financiamento de títulos do tesouro ultralongos para 2025, focando em investimentos empresariais e consumo interno. As medidas incluem subsídios para a compra de novos bens de consumo, como automóveis e eletrodomésticos, e atualizações de equipamentos empresariais. No entanto, o risco de desvalorização do iuan, devido a cortes de juros, preocupa mercados emergentes, como o Brasil.

Com a China sendo a maior consumidora de commodities do mundo, o minério de ferro registrou queda de 2,18% em Dalian, pressionando ações da Vale na B3, que recuaram 2,50%.

Nos Estados Unidos, a expectativa sobre o impacto do novo governo Trump na política monetária do Fed (Federal Reserve) é outro ponto de atenção. Promessas de tarifas elevadas e deportações em massa são vistas como inflacionárias, o que pode levar o Fed a manter ou elevar a atual taxa de juros, que está entre 4,25% e 4,5%. Isso favorece o dólar e penaliza mercados emergentes.

Cenário fiscal no Brasil

No Brasil, os receios com o equilíbrio das contas públicas continuam a pressionar o mercado. Em 2024, o dólar acumulou alta de 27% em relação ao real, com um fluxo cambial negativo de US$ 15,918 bilhões, o terceiro maior da série histórica iniciada pelo Banco Central em 2008.

As medidas de contenção de gastos aprovadas pelo Congresso no final de 2024 sofreram enfraquecimento durante a tramitação, reduzindo a economia prevista de R$ 70 bilhões para cerca de R$ 50 bilhões entre 2025 e 2026. Entre as alterações, parlamentares afrouxaram regras contra supersalários, blindaram emendas obrigatórias e excluíram mudanças no BPC e no Fundeb.

O mercado pressiona por novos ajustes fiscais, e o ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que ainda há espaço para contenção de despesas.

Resumo do impacto no mercado

  • Dólar: Alta de 0,29%, cotado a R$ 6,180.
  • Bolsa: Queda de 1,05%, aos 118.855 pontos.
  • Vale: Queda de 2,50%, devido à desvalorização do minério de ferro na China.
  • Petrobras: Queda de mais de 1%.

Com a combinação de fatores externos e incertezas fiscais internas, o início de 2025 segue desafiador para o mercado brasileiro, que aguarda ações mais contundentes para equilibrar as contas públicas.

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