Dólar cai 0,79% e acumula queda de 6,3% no ano, enquanto Bolsa recua 0,65%

A tendência para os próximos dias dependerá da evolução do cenário internacional, do andamento das negociações entre EUA e China e da expectativa de novas movimentações do Banco Central brasileiro no combate à inflação.

Redação

O dólar registrou uma forte queda de 0,79% nesta terça-feira (4), encerrando o dia cotado a R$ 5,769. Desde o início de 2025, a moeda norte-americana acumula uma desvalorização de 6,3%.

Este é o 12º dia consecutivo de baixa, configurando a maior sequência negativa em 20 anos, desde o período entre 24 de março e 13 de abril de 2005, quando a divisa fechou em queda por 14 pregões seguidos.

Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, também teve um dia negativo, registrando queda de 0,65%, fechando em 125.147 pontos.

Impacto do conflito comercial entre EUA e China

O movimento nos mercados financeiros está diretamente ligado aos desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China e à recente ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

No cenário internacional, a política tarifária do presidente Donald Trump foi oficializada no sábado (1º), quando ele assinou um decreto aplicando taxas adicionais sobre todas as importações do Canadá, México e China. No entanto, nos dias seguintes, Trump suspendeu as tarifas sobre o México e o Canadá, após negociações com os governos vizinhos.

China reage com novas tarifas contra os EUA

Por outro lado, as tarifas de 10% sobre produtos chineses entraram em vigor nesta terça-feira. Como resposta, a China anunciou uma série de medidas de retaliação, incluindo:

  • Taxa de 15% sobre carvão e gás natural dos EUA;
  • Taxa de 10% sobre petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis, como caminhões elétricos da Tesla;
  • Investigações antimonopólio sobre o Google, da Alphabet.

As novas tarifas chinesas começarão a valer em 10 de fevereiro, dando tempo para possíveis negociações entre os países. Segundo a Casa Branca, esforços estão sendo feitos para agendar um telefonema entre Trump e o presidente da China, Xi Jinping.

A incerteza comercial pressiona o dólar e pode impactar o fluxo de capitais no mercado global.

Ata do Copom e impactos no câmbio

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata da última reunião, na qual elevou a Selic para 13,25% ao ano, com a perspectiva de um novo aumento em março. O Banco Central apontou que há riscos fiscais e cambiais que podem dificultar o controle da inflação.

A projeção de inflação para 2025 subiu de 4,5% para 5,2%, enquanto a meta oficial é de 3%, com um intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%.

Apesar das preocupações, o dólar segue em queda devido ao diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, que atrai investidores estrangeiros para operações de carry trade – estratégia na qual investidores tomam dinheiro emprestado em países de juros baixos e investem em países com juros altos, como o Brasil.

A tendência para os próximos dias dependerá da evolução do cenário internacional, do andamento das negociações entre EUA e China e da expectativa de novas movimentações do Banco Central brasileiro no combate à inflação.

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