Notícias veiculadas no fim de semana indicam que o Partido Liberal (PL) desistiu de apoiar o Projeto de Lei Complementar do deputado Bibo Nunes (PL/RS), que previa a redução do prazo de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa de 8 para 2 anos. A medida poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro em caso de condenação.
Pressão popular e recuo estratégico
O recuo da sigla pode estar ligado aos dados da pesquisa AtlasIntel, que mostram que 83% da população é contra a mudança na Ficha Limpa. Apenas 32% são a favor, e 4% não têm opinião sobre o tema.
O levantamento indica que a população percebe a proposta como um incentivo à impunidade e à corrupção, permitindo que políticos condenados disputem eleições sem cumprir penas significativas.
Diante do alto índice de reprovação popular, a cúpula bolsonarista optou por evitar o desgaste, buscando outras estratégias para viabilizar uma possível candidatura de Bolsonaro em 2026.
Aposta na anistia dos envolvidos no 8 de janeiro
A nova estratégia do PL é concentrar esforços na aprovação de um projeto de anistia para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Segundo a pesquisa, a anistia tem um apoio de 51% da população, contra 49% que se opõem, caracterizando um empate técnico.
Com a percepção de que o tema não gera forte rejeição popular, Bolsonaro defende que o projeto seja votado antes do Carnaval, momento em que parte da sociedade estaria menos atenta ao debate político.
Outras pautas impopulares em discussão
Além da tentativa de flexibilizar a Ficha Limpa, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), defende uma proposta para aumentar o número de deputados federais, sob o argumento de adequar as bancadas estaduais ao crescimento populacional. Entretanto, 97% da população se opõe à ideia.
Sobre a ampliação do controle do Congresso sobre o orçamento federal por meio de emendas parlamentares, a pesquisa revelou que 50% dos entrevistados são contra, 32% a favor e 17% não opinaram.
População defende corte de gastos
Outro dado da pesquisa mostra que 54% da população acredita que o governo deve reduzir gastos, enquanto 28% são contra e 17% não têm opinião formada sobre o tema.
Os números reforçam a percepção de que políticos recuam diante da pressão popular, evidenciando que o apoio ou rejeição da sociedade pode influenciar diretamente nas decisões do Congresso.