Racha interno no PSOL expõe disputas sobre apoio ao governo Lula e direção do partido

O futuro do partido dependerá de como equilibrará suas divergências internas e de qual será sua estratégia para 2026, especialmente se Guilherme Boulos decidir disputar novamente a Prefeitura de São Paulo ou uma candidatura maior com apoio do PT.

Redação

O PSOL enfrenta um racha interno cada vez mais visível, com embates acalorados entre seus parlamentares. O debate sobre o grau de apoio ao governo Lula intensificou divergências que já existiam, trazendo à tona disputas que estavam latentes há anos dentro do partido.

Divisão interna e embates acirrados

O partido hoje está dividido em duas alas principais.

A ala majoritária, formada por oito deputados, defende o apoio ao governo Lula, ainda que com ressalvas. Para esse grupo, o PSOL precisa se posicionar de forma pragmática para combater o bolsonarismo e a extrema-direita.

A ala minoritária, composta por cinco parlamentares, acredita que o partido está se distanciando de suas origens socialistas e cedendo demais às alianças com o PT. Seus membros acusam a maioria de normalizar políticas liberais e enfraquecer a identidade do PSOL.

Os atritos chegaram a um nível em que parlamentares trocam acusações e insultos, expondo suas divergências de forma pública.

Guilherme Boulos no centro das críticas

A chegada de Guilherme Boulos ao PSOL em 2018 aumentou as tensões. Como maior nome do partido e figura de projeção nacional, ele se tornou alvo da ala minoritária, que o acusa de tentar transformar o PSOL em uma extensão do PT e abandonar princípios históricos da legenda.

Boulos, que não comentou diretamente as críticas, tem apoio da ala majoritária, que argumenta que o PSOL precisa se atualizar para dialogar com novos setores da sociedade e evitar o isolamento político.

Principais pontos de conflito

Apoio ao governo Lula: A ala majoritária vê o PT como um aliado estratégico contra a extrema-direita, enquanto a minoritária acredita que o PSOL está se tornando submisso ao governo.

Arcabouço fiscal: Circulou a informação de que Boulos teria defendido o voto favorável ao arcabouço fiscal de Fernando Haddad, algo que contrariaria a ideologia do PSOL. A acusação foi negada por aliados do deputado.

Indicação de lideranças na Câmara: A ala majoritária controla a liderança da bancada há três anos, o que gera ressentimento entre os parlamentares dissidentes.

Federação com o PT: A ala minoritária teme que o PSOL perca sua identidade e seja absorvido pelo PT em uma eventual federação partidária.

O que pode acontecer

O deputado Glauber Braga, um dos principais críticos da ala majoritária, chegou a abrir um calendário para discutir sua desfiliação do partido, mas, por enquanto, nenhum outro parlamentar seguiu o mesmo caminho.

A disputa interna deve continuar, especialmente após o desempenho ruim do PSOL nas eleições municipais de 2024, quando perdeu as cinco prefeituras que havia conquistado em 2020.

O futuro do partido dependerá de como equilibrará suas divergências internas e de qual será sua estratégia para 2026, especialmente se Guilherme Boulos decidir disputar novamente a Prefeitura de São Paulo ou uma candidatura maior com apoio do PT.

Compartilhe: